'Neilton Mulim conseguiu piorar o que já era ruim
justamente naquilo que ele foi eleito para mudar', diz
Alexandre Gomes, Vereador.
Na quinta-feira, nosso blog esteve com o vereador Alexandre Gomes, o líder da oposição na câmara de São Gonçalo, que comentou um pouco do trabalho que fez e está fazendo nestes quase quatro anos de mandato. Na entrevista o vereador Alexandre Gomes também fez uma avaliação e criticas ao chefe do executivo. Para o vereador, este será um ano muito difícil para todos nós. O vereador também falou das eleições municipais deste ano e o candidato que apoia à prefeitura. Veja a entrevista completa:

O senhor lidera uma oposição na câmara de São Gonçalo. Quais motivos que levam o senhor a ser uma oposição? 

Ser oposição não é nada fácil. Há muita retaliação, muita perseguição política por parte do governo. Neste sentido, devem existir muitos motivos para um vereador como eu, de primeiro mandato, assumir uma postura oposicionista a esse governo, que começou sob o signo da esperança, mas foi se revelando uma verdadeira tragédia ao longo do tempo.

O prefeito é um gestor incompetente. Ponto. E não sou eu, Alexandre Gomes, quem diz isso, são os fatos. Neilton Mulim conseguiu piorar o que já era ruim justamente naquilo que ele foi eleito para mudar. Não criou uma empresa municipal de lixo e, em vez disso, vem renovando de modo irregular os contratos com sobrepreço de 30 milhões de reais com a Marquise e com a Comercial.

Neste último ano de mandato, quais projetos e ações que o senhor apresentou que gostaria de destacar? 

O meu mandato conseguiu vitórias importantes em forma de lei para a população idosa e para as pessoas com deficiência que, em nosso município, sempre foram colocadas em segundo plano. Sobre elas, inclusive, estamos preparando uma cartilha sobre os seus direitos. Outra iniciativa importante foi a garantia do primeiro emprego em empresas que possuem algum tipo de subvenção da prefeitura. São 10% das vagas para a garotada que está se iniciando no mercado de trabalho. Isso faz toda a diferença para os jovens.

E os trabalhos nas comissões?

As comissões têm uma função importantíssima que eu sempre tento destacar no Plenário da Câmara e entre a população. São nelas que amadurecemos um projeto de lei, onde recebemos as demandas de diversos setores da sociedade e que são, muitas vezes, o ponto de partida para a fiscalização do Executivo.

Hoje presido as comissões de Direitos Humanos e de Meio Ambiente. As duas tocam em pontos sensíveis que acompanho com muita atenção. Sobre Direitos Humanos consegui emplacar algumas conquistas como narrei acima para essa população que eu considero a mais vulnerável. Já na Comissão de Meio Ambiente venho lutando para que o município retome as obras do Rio Imboaçu e que finalmente abra licitação para as obras do Rio Alcântara. Nesses dois casos não vejo empenho do prefeito Neilton Mulim, infelizmente. Seria uma vitória imensa de nossa cidade.

Como o senhor avalia o trabalho que está sendo feito pela câmara?

Algumas pessoas reclamam muito dos vereadores e da Câmara. Mas o poder legislativo é o que está mais próximo do povo e o vereador diretamente ligado à sua comunidade. Acredito que falte mais participação, cobrança, engajamento dos cidadãos gonçalenses com as grandes causas da cidade. Lá na Câmara somos 27 cabeças, 27 visões de mundo diferentes representando os interesses de mais de 1 milhão de pessoas. Olha a responsabilidade? Por isso que ela deve ser dividida com os eleitores, com a população.
No mais, tenho certeza que a Câmara deu um salto de qualidade muito grande nesses últimos anos. Há um tratamento de respeito mútuo entre os parlamentares, sejam de oposição ou situação, o número de audiências públicas cresceu bastante. 

Tenho esperança de que agora, numa nova sede, a participação aumente ainda mais.
Os trabalhos são diários e estamos envolvidos ai em vários temas, entre eles o caso da Ampla, outro tema importante também que nós debatemos e muito foi o caso da ideologia de gênero, que foi um tema de grande relevância para a cidade, para a família gonçalense. Então nós temos ai temas de grande relevância. 

A oposição vai lançar este ano dois candidatos à prefeito - Marlos Costa e Diego São Paio, opositores declarados e pré-candidatos à prefeito, até o momento. O senhor vai apoiar algum candidato à prefeitura?

Não tenho tanta convicção assim para cravar que o Diego vem como candidato. Não sei, não posso falar por ele. Sei que o vereador Marlos Costa é candidatíssimo, e encarna um projeto de transformação profunda em nossa cidade. Temos uma chance já em 2016 de dar um grande salto de qualidade e claro que faço parte deste projeto. Trabalharei com todas as minhas forças para que viremos essa página do atraso, de mediocridade e covardia políticas.

Uma cidade como São Gonçalo não pode viver a reboque das vontades do governo do estado e de Brasília. Temos que ser mais proativos, existe muita gente capacitada aqui em nossa cidade que pensa e quer mudanças. São essas pessoas que estamos agregando, conversando, e o Marlos é a pessoa certa para liderar esse novo projeto político para os gonçalenses. É jovem, mas tem uma bagagem política e profissional única. Ele está pronto para assumir esses desafios. E marcharemos juntos neste ano.

Você por ser opositor tem discursos sempre com bastante repercussão. Já pensou em algum momento lançar candidatura à prefeito?

As pessoas superdimensionam a minha postura de oposição, mas entendo que isso tem uma explicação bem simples. Não faz parte da tradição recente a Câmara ter oposição ao chefe do executivo, então é claro que um grupo político organizado oposicionista ao prefeito ganha mais destaque. E isso é saudável, tanto para a política quanto para a sociedade. Naturalmente um vereador aliado do prefeito tende a afrouxar a fiscalização, já um vereador independente ou de oposição está livre para apontar os erros do governo e informar à sociedade. É isso que venho fazendo. Em toda a Sessão na Câmara, a liderança do governo tem que dar explicações aos nossos questionamentos. Mas não são nossos os questionamentos, é da sociedade, por isso que afirmei lá em cima que a Câmara deu um salto de qualidade.

E em relação a vir ou não como candidato a prefeito: não, o meu perfil é a Assembleia, o parlamento. Deixa o Executivo para o Marlos.

Como estão os trabalhos do seu partido para este ano eleitoral?

Estou saindo do PRTB. O meu ciclo no partido acabou. Estruturei a legenda em São Gonçalo, elegemos um vereador. Agora é seguir novos caminhos.

Como o senhor avalia o governo municipal? 
O governo é ruim, muito ruim. Vive abraçado ao passado e pior, condena o futuro. Neilton Mulim pegou emprestado R$ 171 milhões emprestados com a Caixa para pagar quase R$ 1 bilhão. O dinheiro foi pra construir escolas, creches, hospitais? Não, foi pra tapar buraco de rua. Quem vai pagar a conta, ele? Não, nós os gonçalenses. Recentemente os vereadores, pressionados pelo terrorismo da “crise”, deram ao prefeito todos os nossos bens móveis e imóveis para ele fazer o que quiser, penhorar, vender. E pra quê? Pra pagar dívidas com fornecedores.

O Ministério Público, em várias ocasiões, denunciou a “farra dos comissionados”, que são na verdade cabos eleitorais que sugam o dinheiro público para interesses particulares. O MP estima que haja mais de 7 mil cargos deste tipo na cidade, mas admite que pode ser ainda mais porque a prefeitura burla os números. O Sindicato local dos servidores joga esses números para 14 mil, porque põe na conta os RPAs (Recibo de Pagamento Autônomo) para funcionários prestadores de serviço. Só nessa brincadeira, o município gasta R$ 200 milhões que poderiam estar sendo utilizados em investimentos de patrimônio e na valorização dos servidores concursados, esses sim, que vai entrar e sair governo e vão continuar lá.

O que você espera para este novo ano? 

Será um ano muito difícil para todos. O desemprego deve explodir no primeiro semestre, lojas devem fechar, não há no horizonte recuperação da indústria naval e o Comperj deve ficar marcando passo pelo menos até 2017. É claro que com esse quadro a arrecadação do governo vai diminuir obrigando-o a fazer o dever de casa que é o corte profundo no número de cargos comissionados. Mas será que vai fazer, num ano de eleição? Tomara que o prefeito crie juízo e faça o que tem que fazer.

Por um outro lado, temos eleições gerais no município, que é um momento de renovar a fé e as esperanças em nossa cidade. Não é segredo que tentarei a reeleição confiante no trabalho realizado nestes últimos anos. O povo desta cidade é a minha maior inspiração e estímulo para seguir em frente.