Dayse Oliveira é candidata a prefeita pelo PSTU.
Foto: Claudionei Abreu/A politica RJ
Professora da rede Estadual de educação, Dayse Oliveira, 50, é filiada ao PSTU, partido ao qual concorre a prefeitura de São Gonçalo. Foi candidata a vice-presidente do Brasil na chapa de José Maria de Almeida, o Zé Maria, que recebeu 402.236 votos nas eleições presidenciais de 2002. Foi candidata a prefeita de São Gonçalo em 2004 obtendo 6.723 votos. Foi candidata a Senadora pela Frente de Esquerda no Rio de Janeiro em 2006 obtendo 31.875 votos. Foi novamente candidata a prefeitura de São Gonçalo em 2012, recebendo 2.576 votos. Em 2014, foi candidata a governadora do estado do Rio de Janeiro, obtendo 33.442 votos e ficando em 5º lugar na disputa. No segundo turno, Dayse não apoiou nenhum candidato e defendeu o voto nulo. Agora, novamente candidata, a professora defende a valorização dos trabalhadores.

É a segunda vez que tenta a prefeitura. A senhora já foi também candidata a governadora do Estado. Qual é a estratégia para essa eleição? 

Primeiro propor uma mudança radical no país para junto mudar São Gonçalo. Para mudar São Gonçalo tem que mudar tudo. Por isso fazemos a campanha Fora Temer Tora Todos Eles! Greve Geral! Eleições Gerais! Por governo socialista de trabalhadores com os conselhos populares. Por uma São Gonçalo para os trabalhadores, construída meio à luta e organização da classe trabalhadora. Por isso faremos nossa campanha nos bairros, escolas, fábricas, nas lutas.

Seu plano de governo atinge diretamente grandes empresários, onde cita diversas vezes que os empresários devem pagar pela crise. Porém, aqui em São Gonçalo, muitos já estão pagando. Diversos estabelecimentos e indústrias estão fechando as portas e demitindo funcionários. Como pretende propor que os empresários paguem mais impostos? Não haveria um aumento de demissões?

Nós dizemos “que os ricos paguem pela crise!”. Estamos falando dos grandes empresários, donos de grandes fortunas. Donos de pequenas lojas não são ricos. A crise econômica mundial se expressa com a queda acentuada da taxa de lucro. A solução que esses empresários e seus políticos encontram para isso são as demissões, o aumento da exploração, a retirada de direitos. Isso não resolve os problemas. Tem que proteger e aumentar o poder de compra dos trabalhadores, gerar empregos. Para isso tem que aumentar os impostos dos milionários e diminuir dos trabalhadores. Os governos têm feito o contrário: aumentando o imposto do trabalhador e dando isenções milionárias para esses tubarões.

Outro ponto do seu plano de governo é isenção de pagamento de luz, água, IPTU e passe-livre em todo transporte público para os desempregados. Como pretende viabilizar essa proposta, caso eleita?

A cidade produz. A cidade tem dinheiro. São quase 25 milhões de rais do orçamento que foram em 2016 direto para os banqueiros, como amortização da dívida. Isto está errado. Essa dívida já foi paga há muito tempo. Queremos romper com a lei de responsabilidade fiscal e trocá-la por uma lei de responsabilidade social, onde a prioridade do orçamento seja as necessidades da população e não dos banqueiros. Alem disso, queremos acabar com a farra das isenções de impostos para os grandes empresários. Vamos taxar as grandes fortunas com imposto fortemente progressivo. Também tem muito dinheiro que é desviado pela corrupção. Defendemos a prisão e confisco dos bens dos corruptos e corruptores. Assim, será possível, não só fazer essas medidas emergenciais para os desempregados, como também financiar um plano de obras públicas que crie empregos na cidade, além de construir os bens que a cidade precisa como creches, hospitais, moradia e saneamento.

Qual é seu projeto para áreas emergenciais, como segurança e saúde?

Primeiro, mais verbas públicas para a saúde pública. Acabar com as Organizações Sociais, que impõem uma lógica privada à saúde pública. Valorizar os profissionais da área: reposição das perdas salariais dos funcionários de hospitais, garantia do piso salarial reivindicado pelas categorias da saúde.

Segurança é um problema social. Candidatos dos ricos que não querem garantir educação e saúde de qualidade, emprego, acham que resolvem o problema botando polícia na rua. Isso não resolve.

Queremos uma polícia que atenda a necessidade da população. Chega dos nossos jovens morrendo todos os dias nos morros da cidade. Chega de criminalização dos movimentos sociais. Levantamos a bandeira da desmilitarização da polícia. Os delegados e chefes devem ser eleitos pela população, com mandatos revogáveis; deve haver direito à sindicalização e esta polícia deve ser submetida aos conselhos populares que propomos para governar a cidade.

Como melhorar o desempenho da educação pública municipal de São Gonçalo?

Para início de conversa, tem que ter mais verbas publicas para a educação pública. Acabar com as parcerias público-privadas, que impedem que as verbas públicas sejam exclusivamente para as escolas públicas. Construir escolas e creches conforme a necessidade da população.

Além disso, tem que valorizar o profissional de educação. Cumprir a promessa que  o atual prefeito fez e não cumpriu de piso de 5 salários mínimos para professor e 3,5 salários para funcionários, que é uma reivindicação histórica do Sindicato. Efetivação dos terceirizados e abertura de concursos públicos para todas as funções.

Mas também é preciso democracia e respeito à autonomia pedagógica. Acabar com as avaliações meritocráticas, tanto dos professores como dos estudantes, respeito à livre organização dos profissionais de educação e dos grêmios estudantis. Queremos que a população decida os rumos da educação, através dos conselhos populares.

Como a senhora avalia os demais adversários na disputa pela prefeitura?

A maioria deles não tem um programa para combater radicalmente  a privatização dos serviços públicos!  A maioria não propõe a estatização dos transportes, não propõe os conselhos populares não propõe governar para os trabalhadores. Seguem a fórmula de governar para todos. Não existe neutralidade. Essa é usada para defender os poderosos e deixar os trabalhadores de lado. A maioria não aponta a organização da luta, a mobilização da população para cobrar o governo federa e estadual. A maioria não tem um compromisso ou participa das lutas do movimento negro, de mulheres e lgbts. Eu sou a única mulher e negra. Sou a única orgânica dos movimentos sociais. Participo do SEPE cotidianamente, do movimento negro Quilombo raça e classe, do Movimento Mulheres em Luta. Sou a única que afirma que além de Dilma, tem que derrubar Temer e todos os corruptos e aqueles que atacaram trabalhadores!  Sou a única que digo a verdade: que é necessário tirar dos ricos para recuperar as perdas dos trabalhadores. Essa é a verdadeira revolução para mudar São Gonçalo com os conselhos populares.

Quais são suas propostas para valorizar os servidores e profissionais da educação do município?

Tem que pagar o piso revindicado pela categoria, que o atual prefeito prometeu atender. 5 salários mínimos para professore e 3 e meio para funcionários do apoio escolar. Além disso, tem que incorporar os terceirizados ao quadro permanente e por fim à prática da terceirização desses serviços. Também tem que ter mais concursos públicos, para que os profissionais não fiquem sobrecarregados.

Este é o primeiro bloco de entrevistas com candidatos a prefeito de São Gonçalo ao blog "A política RJ". O segundo bloco de entrevistas será publicado na próxima sexta-feira, dia 30. Curta nossa página no facebook e acompanhe: www.facebook.com/apoliticarj