Foto: Dida Sampaio/Estão Conteúdo |
Pergunto a várias pessoas na faixa etária de setenta anos sobre o regime autoritário que foi implantado e muitos nem notaram esses vinte um anos, viveram como vivem hoje, seja com Michel Temer no poder ou seja com Dilma. Não percebem a diferença, pois aprenderam a atravessar crises, aprenderam a sobreviver desde que haja falsas sensações transmitidas pela imprensa, que tragam conforto e esperança. A grande imprensa se especializou em atender os interesses de quem paga, nesse caso os Estados Unidos da América.
Toda vez que vejo um jovem bradar por intervenção militar me sinto muito mal. Vem aquela sensação de que existiu uma educação equivocada, que foi incapaz de mostrar os nomes da História deste país. Poderia haver um período escolar só pra ensinar quem foi Leonel de Moura Brizola e toda sua luta imensa e brava luta por uma real democracia. No Brasil acomodado que pouco lê será assim: passaram os Fernandos, o Luiz, a Dilma e agora no poder o Michel e a maioria do povo nem notará o que aconteceu.
É preciso romper a cortina de fumaça que existe entre a tela da Globo e a realidade. Enquanto nação, não podemos aceitar que o Moro desmorone o país sem tocar em um tucano. Moro não é herói. Moro não precisa de apoio nem conduz a Lava-Jato sozinho. A Polícia Federal tem imensa parte do mérito da condução da operação à qual ninguém se opõe, mas os coerentes são a favor que a Lava-Jato seja igual para todos, que tenha alvos mais certeiros, que prenda quem precisa ser preso sem provocar tanto ódio no país. Moro não é um xerife tentando botar ordem no Velho Oeste. Moro não é ingênuo: conduz a operação de forma parcial. Só um alienado total pode negar isso. O comportamento do Moro acende holofotes pro pato da FIESP. Moro não está passando o país a limpo. Moro inflama uma insanidade chamada Bolsonaro que doentiamente tenta polarizar a discussão com Lula pra 2018 sem perceber que existe um caminho imenso a ser percorrido pra que ele possa rivalizar com Lula.
Dentro dessa falta de entendimento dele próprio e dos simpatizantes dele é que polarizar a discussão é não perceber o quanto é grande a necessidade de discutir um Brasil melhor que esse que aí está. Aos que pedem intervenção militar sugiro muito cuidado pois como diz o documentário “um dia pode durar vinte um anos”.
Por Rafael Massoto, compositor, poeta e produtor cultural.
2 Comentários
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ResponderExcluirComo costumam dizer as opiniões em síntese: cirúrgico. Quanta lucidez, esse texto deveria ter circulado em peso nos seus tempos; hoje nos ensina a estar atento pois repetir erros já diagnosticados é uma coisa muito chata além de entediantes. Gratidão irmão pelas palavras e texto impecável, me sinto vivo.
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